quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Nosso Lar – O Filme



    Bom, não podia deixar de comentar o último filme que fez sucesso no meio espírita. Começarei com uma conclusão: para quem não leu o livro, o filme é bom.
    Sem desmerecer todo o trabalho de idealização e produção da obra, que num nível nacional, está muito bem realizada, posso afirmar com toda a certeza que para os espiritualistas e estudiosos o filme deixou a desejar. O umbral retratado logo no início da estória é bem modesto, digamos até que aparenta ser um local agradável perto do que se é passado pela literatura espírita. Não existem mutações, deformidades espirituais ou entidades animalescas, a perseguição foi fraca perto do medo que o Autor demonstra no livro. No umbral mostrado nas cenas existe até um certo descanso, e as pessoas que ali estão a muito tempo não possuem um aspecto muito degradado.
    A cidade sim foi muito bem realizada, na minha modesta opinião, o que marcou a obra foi a cidade em si, bem desenhada, bem arquitetada, se enquadra perfeitamente nos moldes espíritas a cidade apresentada nas telas. Limpa, organizada, arrojada e com aspecto futurístico, os poucos elementos que talvez faltem não interferem na apreciação do belo conjunto arquitetônico. 
    O maior ponto negativo do filme foi o fato de terem alterado praticamente todos os ensinamentos morais da história, e foi isto exatamente o que consagrou o livro, o alto teor moral que o mesmo possui. Quem conhece bem a história fica decepcionado quando não vê André Luiz tomar logo de cara uma bronca no hospital para aprender o valor do silêncio. Não há no livro nenhuma referência a ficar com água na boca... Outra cena também é quando André Luiz vai pedir para trabalhar na colônia e acaba tomando uma grande lição de moral junto com a companheira que o antecede na palestra com o ministro Clarêncio.
    Me disseram algumas pessoas que o filme tinha que ter sido mudado para dar menos impacto em quem não conhece o espiritismo. Que assustaria demais ou pouco entenderiam da estória sem essas mudanças. Sinto discordar, pois foi exatamente o “poder de impacto” que tornou o livro um sucesso. Que diríamos se Chico também assim pensasse... Teríamos mais contos de fadas do que literatura e ensinamentos. Foi exatamente a verdade espírita passada por Chico Xavier que impressiona a todos e não deixa dúvidas em relação a superioridade espiritual da colônia de Nosso Lar.
    Parabenizo a produção pela iniciativa e produção de uma obra cinematográfica séria, porém, não posse deixar de colocar minha crítica, que espero seja positiva, no sentido de que o filme perdeu o valor moral apresentado no livro. É válido para divulgação da idéia, para aqueles que quiserem se aprofundar e buscar conhecimento, mas acaba se passando apenas por mais um “filme de ficção” com as verdades espirituais empobrecidas. 

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